Segunda-feira, 21 de Janeiro de 2008

FESTA DO FUMEIRO



E assim tão depressa como começamos esta serie sobre a matança damos com este post por concluído o processo com mais um evento festivo. O fumeiro tradicional Transmontano em pouco ou nada mudou durante muitas décadas desde a sua implantação. Mudam-se as caras mas continuam os velhinhos e tradicionais métodos de fabrico que na minha opinião pessoal é por excelência o melhor e mais gostoso fumeiro em Portugal.


Já para não falar do famoso presunto de Chaves que depois de salgado durante varias semanas na salgadeira é transportado para a lareira e afumado e com ele os salpicões, chouriças de carne, sangueiras e a tradicional alheira lhes fazem companhia. Na foto em cima podemos observar a "cornipa" pela qual as carnes são puxadas pela tripa com a ajuda de um "fuso". Aos poucos e com muita paciência (que é requerida) as carnes que estiveram de sorça durante vários dias vão assim deslizando e formando as chouriças.




Com a ajuda de mais uma ou duas pessoas as carnes vão assim enchendo a tripa. Apesar de se usar um fuso para puxar as carnes e de facto parecer ser um meio algo ortodoxo a verdade é que este processo requeres o maior cuidado para que a tripa não parta ou rompa, já que como sabemos a tripa é o elemento mais frágil nesta operação e qualquer acidente equivale a mais trabalho desde a limpeza ate ao voltar a encher.




No final temos a recompensa com estes belos enchidos que fazem os olhos "esbugalhar" a qualquer mortal. Na foto podemos observar o apertar do fio no final de cada chouriça que dependendo do tamanho da tripa poderão ser varias numa só tripa ou apenas uma ou duas. As futuras chouriças ficam assim prontas dentro do alguidar para a próxima fase do fumeiro.




Como podemos testemunhar os alguidares cerâmicos aonde as carnes marinavam estão agora vazios e os seus conteúdos estão agora dentro das tripas e prontos para serem posto nos lareiros .




Eis a próxima fase do fumeiro que é precisamente o posicionamento do mesmo em lareiros de madeira para serem postos imediatamente a secar na lareira. como podem apreciar os belos "chouriços" são apertados com fio a volta do lareiro e são mais ou menos divididos em partes iguais.




Este trabalho tal como os que antecederam requerem o máximo de cuidado para que a tripa e seus conteúdos não partam. Imagino o desastre que seria se um destes chouriços partisse quando são postos nos lareiros. Para alem de as carnes ficarem sujas ao cair no chão era praticamente impossível voltar a recompor os mesmos. Dai continuar a insistir que todo o cuidado era pouco.




Estando o fumeiro pronto eis como finalmente o mesmo era seco. debaixo de uma lareira quentinha com calor e fumo quanto baste o fumeiro era agora secado por varias semanas ate ganhar a sua consistência natural e finalmente poder ser consumido.




Alheiras, salpicões, chouriças de carne (Linguiça) e sangueiras são o fumeiro mais tradicional de Castelões e um pouco por toda a parte transmontana. As receitas vão variando consoante cada família e seus gostos pessoais, mas o processo, esse não muda e continuara a ser passado de geração em geração e o nosso belo fumeiro jamais será esquecido e o mais importante, jamais será um processo mecanizado. Pelo menos é o que nos esperamos que aconteça por muitos e largos anos.


Damos assim por concluída a fase da matança, espero que tenham gostado do que viram e já agora espero também sinceramente que venham ainda a provar o belo fumeiro de Castelões que tal como em outras regiões do Pais tem o seu gosto próprio que só quem conhece o pode descrever.

Publicado Por Aldeia de Castelões às 01:09

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7 comentários:
De Luís da Granginha a 23 de Janeiro de 2008 às 22:39
Sabe bem petiscar, comer, saborear, ficar consolado, gabarmo-nos aos amigos do regalo que é a Vida, depois de dos refastelarmos com uma alheirita em cima de um carolo de pão centeio, ou de um almoço ou «jantarada» com umas batatas, umas couves e uma boa pinga, na companhia de familiares (ou de amigos), trincando, deglutindo, derretendo o coração de prazer e enchendo a «pança» de consolo!

Pois é!

Mas, não fora o raminho de bons sentimentos dos autores de Blogues, como o de Castelões, Valdanta, Águas Frias, Segirei, Paradela de Fidalgos, e poucos mais, até nós, gulosos e lambareiros destas "Coisas Boas, -Boas?! - MAIS QUE BOAS ! - destas coisas que nos levam a acreditar que o céu é cá na Terra! -Mas não fora a MOSTRA deste e de outros Blogues, até se julgaria que estas delícias apareciam na nossa mesa «por geração espontânea»!

Nas Feiras do FUMEIRO, nas Feiras dos «SABORES E SABERES» ofereça-se aos Visitantes painéis como este - Fotos e Textos; convidem-se para ouvir essas Mulheres-Artistas, autênticas Estrelas de 1ª Grandeza na Arte de Tratar Bem o nosso Paladar (e não só!)!

Nessas Feiras de «Sabores e Saberes», Fale-se e Mostre-se como se FAZ o SABOR e se Transmite o SABER!

Luís da Granjinha
De Cláudia a 22 de Janeiro de 2008 às 21:04
A saga continua... Já estou a imaginar um folar recheado com rodelas de salpicão...
De Mário Silva a 21 de Janeiro de 2008 às 21:05
Caro José Gonçalves
Ainda falta uma fase, neste ciclo: da matança ao fumeiro.
FALTA PROVARMOS AS IGUARIAS.
Um abraço
Mário Silva
De Aldeia de Castelões a 22 de Janeiro de 2008 às 13:46
De facto seria um bom post.

No entanto não sei se por ventura teríamos tempo para tirar uma foto antes do fumeiro desaparecer do prato.

:)

Obrigado pela visita Sr. Silva
De Afonso Cunha a 21 de Janeiro de 2008 às 14:36
A matança do Porco dá uma trabalheira que muita gente nem imagina, mas muito menos imaginam o prazer dá, ir aos Lareiros cortar o baraço de uma alheira, passa-la no "Caço" a frita-la na própria gordura que dela vai saíndo, para depois acompanhar umas batatas cozidas com grelos.
E pela alheira me fico pois a minha boca já saliva quanto baste.
Um abraço.
De Luís da Granginha a 23 de Janeiro de 2008 às 22:41
Este «tipo», em vez de METER uma «Cunha» a nosso favor, isto é, em vez de nos mandar uma amostrazita destes gulosos pecados de Castelões, põe-se pr’áqui a METER-nos raiva!

O FORNO de CASTELÕES só serve para fazer Pão?!

Mal aproveitado!

Numa altura destas então não era de o FORNO DAR umas Brazitas para…… tal e coisa e coisa e tal de alheiritas, linguicitas, e etecéteras de outras itas, itos e , p.ex, pinguita?!

Valha-nos Santa Catarina e Santa Tina de Castelões! E outras Santas que por aí deve haver!......

Hei! JOE! Venha ajudar-nos!
Faça um novo desembarque na NORMANDIA TAMEGANA.
Dunquerque fica em CASTELÕES!

Luís da Granginha
De Jose Goncalves a 24 de Janeiro de 2008 às 12:59
O "Dia D" esta marcado para 23 de Maio.

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